***Esse texto que vou postar aqui foi escrito por um pai! Esse pai sabe que para tirar o leite da vaca não é preciso cortar a orelhinha dela!!!!***
“Because something is happening here
But you don't know what it is
Do you, Mister Jones?”
(Tem algo acontecendo, mas você não sabe o que é, sabe Sr. Jones?)
(Ballad of a Thin Man, Bob Dylan, 1965)
Há 6 meses, quando fui agraciado com a notícia de que minha esposa estava grávida, a primeira reação foi de felicidade, seguida de uma breve consulta na agenda para achar o médico que fazia os partos da família. Marcamos a primeira consulta, e assim tudo seguiria seu curso, lá por março do ano que vem (deste ano) definiríamos a data e no começo de abril o Pedro, que ainda não tinha nome, viria ao mundo pelas mãos do doutor.
Mas não foi bem assim. Primeiro, Eva não estava convencida de que assim era a melhor forma. E foi atrás de informação. Depois veio até mim. E me convenceu de que ela é que sabia o que era melhor para ela.
Não precisa nem ser muito atento para perceber que algo está acontecendo, um movimento não organizado, espontâneo. Pode ser reflexo da internet, deve ser, mas há um movimento muito consistente de troca de informação que escapa completamente do controle da classe médica. E essa revolução silenciosa na busca da valorização do momento da vida da mulher que vai ser mãe naturalmente a leva a procurar o que se vem chamando de parto normal ou humanizado.
É esse questionamento da verdade absoluta e do poder que assusta alguns médicos. Especialmente daqueles mal informados. Trata-se da valorização do fato simples, obvio e natural de que a concepção, a gravidez e o parto são assuntos que fogem do controle de datas do calendário do médico, acostumado a marcar a data do parto e decidir o que é melhor para a futura mamãe.
Aqui em casa foram noites e noites de pesquisa e estudo que modificaram a certeza minha e a aceitação dela ao parto com data marcada. Mas não foi só aqui, muitos outros como nós, pessoas esclarecidas e informadas passaram simplesmente a ver outras opções além daquelas oferecidas pela classe médica. No curso desses poucos meses formamos a firme opinião de que algo anda profundamente errado no enfoque do que fazer após o momento em que se constata a gravidez.
Hoje, ao ler um texto que minha esposa me mandou, escrito por um proeminente médico e escritor, Dr. Antonio Carlos Lopes, acabei concluindo o que anda incomodando tanto. No texto, o doutor já inicia: “O parto, além de ser um ato fisiológico, é um ato médico.” Hã, como assim? “ato médico”??? Suponho então que eu, nascido de parteira e forte como um touro, seja alguma aberração para a medicina...pelo menos a medicina do Dr. Antonio, já que, acho eu, ele não deve ser consenso, apesar de parecer falar por toda a classe médica.
Em seguida o doutor se refere as tais “malfadadas Casas de Parto”, local que visitamos e achamos bastante bom, aconchegante, com gente experiente, boas instalações...e olha que não somos exatamente “menos favorecidos” como o dr. se refere aos que ficam tentados em ter filhos fora de hospital...
Mas nas Casas de Parto não tem mesmo é MÉDICO, e aí a coisa pega. Como que a mulher pode ESCOLHER fazer algo fora do controle da área médica? É justamente isso que o dr. Antonio não quer, perder espaço tão arduamente conquistado no país com maior taxa de parto em hospital – leia-se, com intervenção médica – de todo o mundo.
Mesmo quando o dr. Antonio defende a especialização da enfermagem obstétrica, a postura é a de propor que esses profissionais estudem mais, o que é ótimo, mas ainda assim, só poderiam atuar como auxiliares ao médico.
Daí ficaríamos sem alternativa e o parto seria sim, um ato médico. Ou, parafraseando a Rainha, em Alice no Pais das Maravilhas: “-Cortem-lhe a barriga!”
Mas não é bem assim. Bom, aqui em casa certamente não vai ser assim. Confio totalmente que a Eva saiba o que está fazendo e, até o momento, é lá na casa de parto que o Pedro vai nascer. Se bem que ela anda me sondando sobre o que eu acho sobre ter o Pedro em casa. Pobre dr. Antonio, tem algo acontecendo mas você não tem a menor idéia do que é, não doutor?
Neo, marido de Eva, pai de Pedro, razoavelmente esclarecido embora nem todos os médicos concordem com isso...
PS: A Cesar o que é de Cesar: no texto publicado na Revista Vigor – Movimento e Saude, provavelmente por um engano do estagiário que recortou e colou o texto da fonte, faltou justamente o nome do autor. Como o texto já havia sido publicado em diversos outros meios de comunicação não foi difícil encontrá-lo: trata-se do doutor Antônio Carlos Lopes professor Titular da Disciplina de Clínica Médica da Unifesp/EPM, Presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, e Ex-Secretário Executivo da Comissão Nacional de Residência Médica/MEC. Fica, portanto, dado o devido “crédito” ao nobre doutor.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
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