sábado, 11 de abril de 2009

O parto e as desculpas esfarrapadas!!!

Quando estava grávida do meu segundo filho eu ouvi todas as desculpas esfarrapadas para que eu não pudesse ter um parto normal. E o pior fo que ouvi todas elas da minha ginecologista, que era uma pessoa que eu confiava muito. Naquela época (2002/2003) eu tinha pouco acesso à internet. Mas sempre que podia eu procurava por informações e em uma dessas procuradas eu achei o site Amigas do Parto. Encontrei muita coisa boa nesse site, mas minha luta foi perdida contra os argumentos da médica (eu estava de 40 semanas): bebê alto e por isso tinha chance de haver prolapso de cordão (quando o cordão sai antes da cabeça do bebê), eu não tinha dilatação nenhuma ainda, meu trabalho de parto e expulsão não pudiam ultrapassar 8 horas no total devido à cesárea anterior etc etc etc.......
Algumas mulheres ouvem todo tipo de absurdo do médico e de parentes e amigos que ficam na dúvida se é verdade ou não. Segue aqui um texto escrito pela Ana Cris e publicado no site Parto do Princípio. Aqui o link do texto.

Mitos e Fatos

São poucos os fatos da vida envoltos em tanto mistério, medos e tabus quanto o parto. Talvez nem o sexo tenha sido tão mistificado, alguém aqui já ouviu falar de quem tenha medo de morrer de sexo? Ou de ter falta de líquido, cordão enrolado, bacia estreita para o sexo?

Quem já esteve grávida fartou-se de ouvir de amigos, parentes, conhecidos e até de desconhecidos sobre os grandes perigos do parto. Todo mundo tem uma história trágica a contar. São tantas histórias dramáticas que não consigo entender como é que as nossas cidades não estão povoadas de pessoas lesadas, paralisadas, ressecadas e enroladas em cordões assassinos! Sem contar nas mulheres alargadas e com incontinência urinária no último grau.

Qual é a grávida que não foi parada pela manicure, pela cobradora do ônibus, pela cunhada da prima da vizinha para ouvir uma história tenebrosa sobre o bebê que bebeu água do parto, que chorou na barriga, que fez cocô no líquido amniótico, que secou de tanto que passou da hora, que tinha 30 voltas de cordão no pescoço, que teve um parto seco, que teve um fórceps tão forte que lhe afundou o crânio de lado a lado?

Se você está grávida e se a sua barriga já aparece, certamente você já ouviu uma história dessas e não gostou nada dos pulos que seu coração deu. Pensando em ajudar as mulheres que se encontram nessa situação, aqui vão algumas dicas para ajudar a desmistificar os "grandes perigos" que as cercam quanto mais o parto se aproxima.

MITO: Falta de Dilatação
EXPLICAÇÃO: Muitas mulheres hoje em dia dizem que não conseguiram ter um parto porque tiveram falta de dilatação.
FATOS: Tecnicamente não existe falta de dilatação em mulheres normais. Ela só não acontece quando o médico não espera o tempo suficiente. A dilatação do colo do útero é um processo passivo que só acontece com as contrações uterinas.

MITO: Bacia Estreita
EXPLICAÇÃO: Uma mulher com bacia estreita não teria espaço para a passagem do bebê
FATOS: Existem situações não muito comuns em que um bebê é grande demais para a bacia da mulher, ou então está numa posição que não permite seu encaixe. Não mais que 5% dos partos estariam sujeitos a essa condição. Além disso, tecnicamente é impossível saber se o bebê não vai passar enquanto o trabalho de parto não acontecer, a dilatação chegar ao máximo e o bebê não se encaixar.

MITO: Parto Seco
EXPLICAÇÃO:Um parto depois que a bolsa rompeu seria uma tortura de tão doloroso.
FATOS: A verdade é que depois que a bolsa rompe o líquido amniótico continua a ser produzido, e a cabeça do bebê faz um efeito de "fechar" a saída, de modo que o líquido continua se acumulando no útero. Além disso o colo do útero produz muco continuamente que serve como um lubrificante natural para o parto.

MITO: Parto Demorado
EXPLICAÇÃO: Um bebê estaria correndo riscos porque o parto foi/está sendo demorado.
FATOS: Na verdade o parto nunca é rápido demais ou demorado demais enquanto mãe e bebê estiverem bem, com boas condições vitais, o que é verificado durante o trabalho de parto. Um parto pode demorar 1 hora como pode demorar 3 dias, o mais importante é um bom atendimento por parte da equipe de saúde. O que dá à equipe as pistas sobre o bebê são os batimentos cardíacos. Enquanto eles estiverem num padrão tranquilizador, então o parto está no tempo certo para aquela mulher.

MITO: Bebê passou da hora
EXPLICAÇÃO: O bebê teria como uma "data de validade" após a qual ele ficaria doente
FATOS: Os bebês costumam nascer com idades gestacionais entre 37 e 42 semanas. Mesmo depois das 42 semanas, se forem feitos todos os exames que comprovem o bem estar fetal, não há motivos para preocupação. O importante é o bom pré-natal. Caso os exames apontem para uma diminuição da vitalidade, a indução do parto pode ser uma ótima alternativa.

MITO: Cordão Enrolado
EXPLICAÇÃO: A explicação é de que o bebê iria se enforcar no cordão umbilical
FATOS: O cordão umbilical é preenchido por uma gelatina elástica, que dá a ele a capacidade de se adaptar a diferentes formas. O oxigênio vem para o bebê através do cordão direto para a corrente sanguínea. Assim, o bebê não pode sufocar.

MITO: Não entrou/não teve trabalho de parto
EXPLICAÇÃO:A idéia aqui é de que a mulher em questão tem uma falha que a impede de entrar em trabalho de parto
FATOS: A verdade é que toda mulher entra em trabalho de parto, mais cedo ou mais tarde. Ela só não vai entrar em trabalho de parto se a operarem antes disso.

MITO: Não tem dilatação no final da gravidez
EXPLICAÇÃO: A explicação é que o médico fez exame de toque com 38/39 semanas e diz que a mulher não vai ter parto porque não tem dilatação nenhuma no final da gravidez.
FATOS: Tecnicamente uma mulher pode chegar a 42 semanas sem qualquer sinal, sem dilatação, sem contrações fortes, sem perder o tampão e de uma hora para outra entrar em trabalho de parto e dilatar tudo o que é necessário. É impossível predizer como vai ser o parto por exames de toque durante a gravidez.

MITO: Placenta envelhecida
EXPLICAÇÃO: A placenta ficaria tão envelhecida que não funcionaria mais e colocaria em risco a vida do bebê
FATOS: O exame de ultra-som não consegue avaliar exatamente a qualidade da placenta. A qualidade da placenta isoladamente não tem qualquer significado. Ela só tem significado em conjunto com outros diagnósticos, como a ausência de crescimento do bebê, por exemplo. A maioria das mulheres têm um "envelhecimento" normal e saudável de sua placenta no final da gravidez. Só será considerado anormal uma placenta com envelhecimento precoce, por exemplo, com 30 semanas de gravidez.

Curiosamente, a amamentação também tem uma maravilhosa lista de mitos e lendas, sempre no sentido de diminuir a confiança da mãe em sua capacidade. Se você conhece algum mito interessante do parto ou da amamentação que queira nos contar, nós poderemos incluir neste quadro! Aproveite agora para cuidar de você e do seu bebê. Não deixe que os pessimistas de plantão estraguem esse maravilhoso momento da vida de vocês.

Ana Cristina Duarte
Doula, Educadora Perinatal, Graduada em Obstetrícia pela USP Leste
Mãe de Júlia (Cesárea Desnecessária) e Henrique (Parto Normal Hospitalar)

6 comentários:

Priscila* disse...

Oi...buscando na internet sobre desmame noturno encontrei seu blog e amei! Parabéns.... hoje resolvi criar um blog tbm para falar mais sobre meu bebe!

APC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Adriana Caiaby disse...

Adorei suas postagens, ajudam muito a entender alguns mitos sobre o parto normal.

Moro no Rj e gostaria e saber se você conhece parteiras que fazem o parto domiciliar?

Abraços.

Adriana Caiaby disse...

Obrigada pelas informações!!!!! Eu irei visitar os lugares que me indicou... OBRIGADA MESMO!!!! Grande bj

Unknown disse...

Estou com 40 semanas, quero parto vaginal e minha GO diz que minha bebê não encaixou e que provavelmente não vou conseguir realizar o parto que tanto almejo por ser meu primeiro filho! Isso me deixa muito triste, tem como prever algo assim? O bebê não pode encaixar no trabalho de parto??

Unknown disse...

Queria saber sobre sofrimento fetal, isso anula o parto normal?